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18 de Maio - Dia Nacional da Luta Antimanicomial

18/05: Luta Antimanicomial, Arte e Nise da Silveira


"Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Por uma, sociedade sem manicômios!". A frase de Franco Basaglia (1924-1980), psiquiatra italiano frequentemente tomado como "pai" da Reforma Psiquiátrica, até hoje reverbera como o grito de resistência que define as movimentações de comemoração e resistência que ecoam no 18 de Maio. Data essa na qual se comemora o Dia Nacional da Luta Antimaniconial, um momento de celebração, resistência e expressão artística das subjetividades, no qual as ruas de Belo Horizonte são tomadas por cores, sorrisos, lutas e lágrimas. O desfile anual do 18 de Maio, realizado pelo Fórum Mineiro de Saúde Mental, junto aos próprios usuários dos serviços de atenção à saúde mental e aos núcleos que articulam a Luta Antimanicomial como um movimento social, é um potente lembrete da importância dos diálogos entre a arte e a humanização dos usuários dos serviços de saúde mental.


É uma tarefa difícil abordar a arte, saúde mental e a luta pela derrubada das paredes dos manicômios sem pensar em Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra brasileira que já plantava as sementes da Reforma Psiquiátrica muito antes da mesma tomar forma, décadas mais tarde. Durante seu trabalho no bairro do Engenho de Dentro, em uma das unidades do Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II (extensão do primeiro hospital psiquiátrico do país, o "Palácio dos Loucos", como era chamado durante o período imperial), Nise advogou pela humanização dos pacientes, pelo fim do isolamento e da prática de tratamentos violentos e sem embasamento científico na época, como a lobotomia e o eletrochoque. Na contramão das tendências médicas de seu tempo, que tendiam ao controle e à docilização daqueles considerados perigosos à ordem social, Nise acreditava em uma possibilidade de cuidado que prezasse pela humanização dos pacientes e por uma escuta verdadeiramente acolhedora.


A arte era constantemente empregada durante seus trabalhos como uma ferramenta para a expressão da subjetividade - quase enquanto uma extensão da escuta psicológica, que hoje mostra-se muito promissora no atendimento de pacientes esquizofrênicos, uma vez que a arte tem a potencialidade de se tornar uma importante forma de comunicação para diversos pacientes. Por meio da arteterapia, Nise também consolidou a utilização da arte como forma de tratamento, realizando diversos trabalhos com Carl Jung sobre o tema, posteriormente. As obras produzidas a partir de seu trabalho com os internos do Hosptial Pedro II hoje estão dispostos no Museu do Inconsciente, que continuamente tem suas exposições renovadas pelos próprios usuários dos serviços de saúde mental.


As contribuições de Nise são incontáveis e semearam o florescer da Reforma Psiquiátrica e das conquistas da Luta Antimanicomial nas últimas décadas. Como profissionais da área, cabe sempre relembrar suas palavras para o norteamento de nossa prática: "O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito.”



Matheus Teixeira Reis

Graduando em Psicologia




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